Ao espelho: autorretrato de Ana Hatherly

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25094/rtp.2022n35a848

Palavras-chave:

Autorretrato, Poesia, Ana Hatherly, Paráfrase, Écfrase

Resumo

Neste artigo, apresenta-se uma leitura da composição poética “Auto-retrato” de Ana Hatherly (A idade da escrita, 1998), que define “o [seu] retrato” como “lúcido espelho”. Analisando a estrutura tríptica de “Auto-retrato”, integrativa de um soneto da autora e de dois sonetos de poetisas barrocas dos séculos XVII e XVIII, e explorando a tradição associada às expressões “Este que vês” e “oculto”, três vezes repetidas no soneto de Hatherly, observa-se que a autora enceta um intenso diálogo com outras vozes para afirmar a sua arte poética. “Auto-retrato” experimenta o difícil jogo da recriação-recreação promovido por Hatherly na sua obra.

Biografia do Autor

Teresa Jorge Ferreira, CECC – Universidade Católica Portuguesa

Investigadora e professora auxiliar convidada do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura, Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Católica Portuguesa/UCP, Lisboa, Portugal.

Referências

AA.VV. Divers portraits. Caen: [s.n.], 1659a.

AA.VV. Recueil des portraits et eloges en vers et en prose dedié a son Altesse Royalle Mademoiselle. Paris: Charles de Sercy/Claude Barbin, 1659b.

ALMEIDA, Isabel. Le baroque chez Ana Hatherly. Plural Pluriel, n. 16, 2017. Disponível em: https://www.pluralpluriel.org Acesso em: 30 set. 2021.

AUTO-RETRATOS da colecção. Catálogo de exposição. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1999.

BACELAR, António Barbosa. À morte de D. Luís Vicente de Cáceres, Lente da Universidade, A uma Eça. AA.VV., A Fénix Renascida ou Obras Poéticas dos Melhores Engenhos Portugueses. Edição de Ivo Castro, Enrique Rodrigues-Moura, Anabela Leal de Barros, 192. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2017.

BEAUJOUR, Michel. Miroirs d’encre: rhétorique de l’autoportrait. Paris: Seuil, 1980.

CERVANTES, Miguel de. Novelas exemplares de Miguel de Cervantes Saavedra. Madrid: Juan de la Cuesta, 1613.

CERVANTES, Miguel de. Novelas ejemplares. Edição de Jorge García López. Madrid: Real Academia Española, 2011.

CRUZ, Sor Juana Inés de la. Inundación castálida. Madrid: Juan García Infanzon, 1689.

CURTIUS, Ernst Robert. European Literature and the Latin Middle Ages. Tradução de Willard R. Trask. Nova Iorque: Harper & Row, 1963.

DUMAS, Catherine. Le sujet féminin et ses métamorphoses chez l’artiste Ana Hatherly. Plural Pluriel, n. 16, 2017. Disponível em: https://www.pluralpluriel. org Acesso em: 30 set. 2021.

FERREIRA, Teresa Jorge. Autorretratos na poesia portuguesa do século XX. 2019. 345f. Orientador: Gustavo Rubim Tese (Doutoramento em Estudos Portugueses – Estudos de Literatura) – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2019.

GLÓRIA, Sóror Madelena da. Orbe celeste, adornado de brilhantes estrelas e dois ramilhetes: hum colhido pela consideração, outro pelo divertimento. Lisboa: Oficina de Pedro Ferreira, 1742.

GÓNGORA, Luis de. Sonetos completos. Edição de Biruté Ciplijauskaité. Madrid: Castalia, 1975.

HATHERLY, Ana. A preciosa de Sóror Maria do Céu. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, 1990.

HATHERLY, Ana. A Casa das musas. Lisboa: Estampa, 1995.

HATHERLY, Ana. O ladrão cristalino: aspectos do imaginário barroco. Lisboa: Cosmos, 1997.

HATHERLY, Ana. A idade da escrita. Lisboa: Tema, 1998.

HATHERLY, Ana. Um calculador de improbabilidades. Coimbra: Quimera, 2001a.

HATHERLY, Ana. La réinvention du miroir: reflets de l’âge baroque dans la poésie expérimentale. In: MOSER, Walter; GOYER, Nicolas (dir.). Résurgences baroques. Bruxelas: La Lettre Volée, 2001b. p. 183-191.

HATHERLY, Ana. Poesia incurável: aspectos da sensibilidade barroca. Lisboa: Estampa, 2003.

HATHERLY, Ana. 463 Tisanas. Lisboa: Quimera, 2006.

MÁRQUEZ, Miguel Ángel. Retórica y retrato poético. Huelva: Universidad de Huelva, 2001.

MARTINHO, Fernando J.B. Entrevista com Ana Hatherly [entrevista com Ana Hatherly]. AA.VV. Interfaces do olhar: uma antologia crítica. uma antologia poética, 129-138. Lisboa: Roma, 2004.

MELCHIOR-BONNET, Sabine. História do espelho. Tradução de José Alfaro. Lisboa: Orfeu Negro, 2016.

MELO E CASTRO, E.M. de. O próprio poético: ensaio de revisão da poesia portuguesa atual. São Paulo: Quíron, 1973.

SENA-LINO, Pedro. Do barroco como função em anagramático de Ana Hatherly. Plural Pluriel, n. 16, 2017. Disponível em: https://www.pluralpluriel.org Acesso em: 30 set. 2021.

Downloads

Publicado

2022-01-30

Como Citar

Jorge Ferreira, T. (2022). Ao espelho: autorretrato de Ana Hatherly. Texto Poético, 18(35), 77–97. https://doi.org/10.25094/rtp.2022n35a848