Uma forma fixamente aberta: Introdução ao gênero da “Época Gregório de Matos”
DOI:
https://doi.org/10.25094/rtp.2015n19a323Resumo
Este artigo pretende tecer algumas notas introdutórias sobre a forma poética da sátira baiana atribuída a Gregório de Matos, enfocando nos elementos que a compõem e realçando o aspecto mimético presente nos poemas dessa época, que se amparam na reciclagem de uma série de coordenadas traçadas nos manuais retórico-poéticos de autoridades legitimadas pela tradição seiscentista. Buscaremos, nesse sentido, assinalar que, para maior amplificação dos efeitos de leitura da poesia satírica, é preciso considerá-la a partir da clave das convenções que formam o gênero. Recusaremos, a priori, como fórmula interpretativa a chave subjetivista da produção poética dos românticos que pressupõe, no ato da leitura, a consideração de procedimentos anacrônicos para avaliar o material de uma época antecedente. Far-se-á importante, ainda, discutir os procedimentos retórico-poéticos que fazem da sátira um aparelho de correção moral do período em questão e não espelho das paixões psicologizadas de um suposto autor dos poemas. Digno de nota será o enfoque na configuração dos destinatários da sátira enquanto tipos não psicológicos que se distinguem pelas capacidades intelectuais impregnadas de uma racionalidade também prevista pela convenção.
Palavras-chave: Gregório de Matos. Sátira. Retórica. Poética. Convenção.
Referências
ACCETTO, T. Da dissimulação honesta. Tradução de Edmir Missio. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
AMADO, J. A foto proibida há 300 anos. In: MATOS, Gregório de. Obra poética. Rio de Janeiro: Record, 1990, v. 1.
ARAÚJO, E. O teatro dos vícios: transgressão e transigência na sociedade urbana colonial. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.
ARISTOTE. Poétique. Paris: Les Belles Lettres, 1975.
CARVALHO, M. do S. F. de. Poesia de agudeza em Portugal. São Paulo: Humanitas Editorial; EdUSP; Fapesp, 2007.
------. Introdução ao caráter misto dos gêneros poéticos e retóricos. In: Matraga, n. 33. Rio de Janeiro: UERJ/Instituto de Letras, 2013, p. 111-137.
ELIAS, N. A sociedade de corte. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
GRACIÁN, B. El Criticón. In: Obras completas. Edición, introducción y notas de Santos Alonso. Madrid: Ediciones Cátedra, 2011.
HANSEN, J. A. Autor. In: JOBIM, José Luís (Org.). Palavras da crítica. Rio de Janeiro: Imago, 1992, p. 11-43.
------. O discreto. In: NOVAES, Adauto. Libertinos libertários. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 77-103.
------. A sátira e o engenho: Gregório de Matos e a Bahia do século XVII. 2. ed. rev. São Paulo: Ateliê Editorial; Campinas: Editora da UNICAMP, 2004.
------. Questões para João Adolfo Hansen. Floema. Caderno de Teoria e História Literária, n° 1, ano I. Vitória da Conquista: Edições Uesb, 2005, p. 11-25.
------. Pedra e cal: o amor freirático na sátira luso-brasileira do século XVII. In: Destiempos. México, Distrito Federal, marzo-abril 2008, Año 3, número 14, p. 554-565.
------. Para que todos entendais: poesia atribuída a Gregório de Matos e Guerra. v. 5. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.
------. Autoria, obra e público na poesia colonial luso-brasileira atribuída a Gregório de Matos e Guerra. In: Ellipsis, vol. 12. Califórnia: Stanford University, 2014. Disponível em: http://apsa.us/ellipsis/12/hansen.pdf. Acesso em: 01 dez. 2015.
HODGART, M. La sátira. Madri: Guadarrama, 1969.
KERNAN, A. A theory of satire. In: The cankered muse: satire of the English Renaissance. London, New Haven, 1959, p. 164-179.
MATOS, G. Poemas atribuídos: Códice Asensio-Cunha. Edição e estudo de João Adolfo Hansen e Marcelo Moreira. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013, 5 vols.
MINOIS, G. História do riso e do escárnio. Tradução de Maria Elena O. Ortiz Assumpção. São Paulo: Editora UNESP, 2003.
OLIVEIRA, A. L. M. de. Breves anotações sobre a musa praguejadora da “Época Gregório de Matos”. In: ROCHA, Fátima C. D. (Org.). Literatura brasileira em foco. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2003, p. 33-47.
PÉCORA, A. Máquina de gêneros. São Paulo: EdUPS, 2001.
QUINTILIANO. Instituições Oratórias. Tradução de Jerônimo Soares Barbosa. São Paulo: Edições Cultura, 1994, 2 vols.
TESAURO, E. Tratado dos Ridículos. n. 1 Campinas: IEL-CEDAE-Unicamp, jul/1992.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autorizo a Revista Texto Poético a publicar o artigo que ora submeto, de minha autoria/responsabilidade, caso seja aceito para publicação online. Declaro, ainda, que esta contribuição é original e que não está sendo submetida a outro editor para publicação.
Os trabalhos publicados no espaço virtual da Revista Texto Poético serão automaticamente cedidos, ficando os seus direitos autorais reservados à Revista Texto Poético. Sua reprodução, total ou parcial, é condicionada à citação dos autores e dos dados da publicação.
A Texto Poético utiliza uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional (CC BY-NC 4.0).