Uma forma fixamente aberta: Introdução ao gênero da “Época Gregório de Matos”
DOI:
https://doi.org/10.25094/rtp.2015n19a323Abstract
Este artigo pretende tecer algumas notas introdutórias sobre a forma poética da sátira baiana atribuída a Gregório de Matos, enfocando nos elementos que a compõem e realçando o aspecto mimético presente nos poemas dessa época, que se amparam na reciclagem de uma série de coordenadas traçadas nos manuais retórico-poéticos de autoridades legitimadas pela tradição seiscentista. Buscaremos, nesse sentido, assinalar que, para maior amplificação dos efeitos de leitura da poesia satírica, é preciso considerá-la a partir da clave das convenções que formam o gênero. Recusaremos, a priori, como fórmula interpretativa a chave subjetivista da produção poética dos românticos que pressupõe, no ato da leitura, a consideração de procedimentos anacrônicos para avaliar o material de uma época antecedente. Far-se-á importante, ainda, discutir os procedimentos retórico-poéticos que fazem da sátira um aparelho de correção moral do período em questão e não espelho das paixões psicologizadas de um suposto autor dos poemas. Digno de nota será o enfoque na configuração dos destinatários da sátira enquanto tipos não psicológicos que se distinguem pelas capacidades intelectuais impregnadas de uma racionalidade também prevista pela convenção.
Palavras-chave: Gregório de Matos. Sátira. Retórica. Poética. Convenção.
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