Uma forma fixamente aberta: Introdução ao gênero da “Época Gregório de Matos”

Autores

  • Felipe Lima da SILVA UERJ – Capes
  • Ana Lúcia Machado de OLIVEIRA UERJ – Prociência / CNPq

DOI:

https://doi.org/10.25094/rtp.2015n19a323

Resumo

Este artigo pretende tecer algumas notas introdutórias sobre a forma poética da sátira baiana atribuída a Gregório de Matos, enfocando nos elementos que a compõem e realçando o aspecto mimético presente nos poemas dessa época, que se amparam na reciclagem de uma série de coordenadas traçadas nos manuais retórico-poéticos de autoridades legitimadas pela tradição seiscentista. Buscaremos, nesse sentido, assinalar que, para maior amplificação dos efeitos de leitura da poesia satírica, é preciso considerá-la a partir da clave das convenções que formam o gênero. Recusaremos, a priori, como fórmula interpretativa a chave subjetivista da produção poética dos românticos que pressupõe, no ato da leitura, a consideração de procedimentos anacrônicos para avaliar o material de uma época antecedente. Far-se-á importante, ainda, discutir os procedimentos retórico-poéticos que fazem da sátira um aparelho de correção moral do período em questão e não espelho das paixões psicologizadas de um suposto autor dos poemas. Digno de nota será o enfoque na configuração dos destinatários da sátira enquanto tipos não psicológicos que se distinguem pelas capacidades intelectuais impregnadas de uma racionalidade também prevista pela convenção.

Palavras-chave: Gregório de Matos. Sátira. Retórica. Poética. Convenção. 

Referências

ACCETTO, T. Da dissimulação honesta. Tradução de Edmir Missio. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

AMADO, J. A foto proibida há 300 anos. In: MATOS, Gregório de. Obra poética. Rio de Janeiro: Record, 1990, v. 1.

ARAÚJO, E. O teatro dos vícios: transgressão e transigência na sociedade urbana colonial. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.

ARISTOTE. Poétique. Paris: Les Belles Lettres, 1975.

CARVALHO, M. do S. F. de. Poesia de agudeza em Portugal. São Paulo: Humanitas Editorial; EdUSP; Fapesp, 2007.

------. Introdução ao caráter misto dos gêneros poéticos e retóricos. In: Matraga, n. 33. Rio de Janeiro: UERJ/Instituto de Letras, 2013, p. 111-137.

ELIAS, N. A sociedade de corte. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

GRACIÁN, B. El Criticón. In: Obras completas. Edición, introducción y notas de Santos Alonso. Madrid: Ediciones Cátedra, 2011.

HANSEN, J. A. Autor. In: JOBIM, José Luís (Org.). Palavras da crítica. Rio de Janeiro: Imago, 1992, p. 11-43.

------. O discreto. In: NOVAES, Adauto. Libertinos libertários. São Paulo: Companhia das Letras, 1996, p. 77-103.

------. A sátira e o engenho: Gregório de Matos e a Bahia do século XVII. 2. ed. rev. São Paulo: Ateliê Editorial; Campinas: Editora da UNICAMP, 2004.

------. Questões para João Adolfo Hansen. Floema. Caderno de Teoria e História Literária, n° 1, ano I. Vitória da Conquista: Edições Uesb, 2005, p. 11-25.

------. Pedra e cal: o amor freirático na sátira luso-brasileira do século XVII. In: Destiempos. México, Distrito Federal, marzo-abril 2008, Año 3, número 14, p. 554-565.

------. Para que todos entendais: poesia atribuída a Gregório de Matos e Guerra. v. 5. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013.

------. Autoria, obra e público na poesia colonial luso-brasileira atribuída a Gregório de Matos e Guerra. In: Ellipsis, vol. 12. Califórnia: Stanford University, 2014. Disponível em: http://apsa.us/ellipsis/12/hansen.pdf. Acesso em: 01 dez. 2015.

HODGART, M. La sátira. Madri: Guadarrama, 1969.

KERNAN, A. A theory of satire. In: The cankered muse: satire of the English Renaissance. London, New Haven, 1959, p. 164-179.

MATOS, G. Poemas atribuídos: Códice Asensio-Cunha. Edição e estudo de João Adolfo Hansen e Marcelo Moreira. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013, 5 vols.

MINOIS, G. História do riso e do escárnio. Tradução de Maria Elena O. Ortiz Assumpção. São Paulo: Editora UNESP, 2003.

OLIVEIRA, A. L. M. de. Breves anotações sobre a musa praguejadora da “Época Gregório de Matos”. In: ROCHA, Fátima C. D. (Org.). Literatura brasileira em foco. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2003, p. 33-47.

PÉCORA, A. Máquina de gêneros. São Paulo: EdUPS, 2001.

QUINTILIANO. Instituições Oratórias. Tradução de Jerônimo Soares Barbosa. São Paulo: Edições Cultura, 1994, 2 vols.

TESAURO, E. Tratado dos Ridículos. n. 1 Campinas: IEL-CEDAE-Unicamp, jul/1992.

Downloads

Publicado

2016-02-23

Como Citar

SILVA, F. L. da, & OLIVEIRA, A. L. M. de. (2016). Uma forma fixamente aberta: Introdução ao gênero da “Época Gregório de Matos”. Texto Poético, 11(19), 11–40. https://doi.org/10.25094/rtp.2015n19a323

Edição

Seção

Dossiê