Ludismo e escrita sampler na poesia de Marcelo Montenegro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25094/rtp.2024n43a1125

Palavras-chave:

Marcelo Montenegro, Escrita sampler, Jogo infantil

Resumo

A poesia de Marcelo Montenegro, com o recurso frequente aos procedimentos de seleção, recorte e montagem de fragmentos, pode ser entendida como escrita sampler. A manipulação de formas e textos preexistentes permite aproximar seu processo criativo da ideia de jogo infantil, segundo os pensamentos de Johan Huizinga (2019) e Paloma Roriz (2023). Neste artigo, não se trata de ler a infância como tema ou buscar referências à criança nos versos, mas de compreender a prática do sampleamento como um modo de operar com a linguagem análogo ao gesto da criança que quebra o brinquedo, produzindo outros sentidos para a realidade cotidiana.

Biografia do Autor

Antonio Eduardo Soares Laranjeira, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Doutor em Letras pelo Programa de Pós-graduação em Letras e Linguística da Universidade Federal da Bahia. Professor Associado da Área de Teoria da Literatura da Universidade Federal da Bahia, Salvador, Brasil.

Referências

ABREU, Luis Felipe. “Políticas de impropriedade em certa poesia contemporânea: vidas rasteiras, de Alberto Pucheu”. In: PUCHEU, Alberto & MAGALHÃES, Danielle. Falemos de poesia. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2023, p. 203-213.

BOURRIAUD, Nicolas. Pós-produção: como a arte reprograma o mundo contemporâneo. Tradução de Denise Bottmann. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

GARRAMUÑO, Florencia. Frutos estranhos: sobre a inespecificidade na estética contemporânea. Tradução de Carlos Nougué. Rio de Janeiro: Rocco, 2014.

HUIZINGA, Johan. Homo ludens. Tradução de João Paulo Monteiro. São Paulo: Perspectiva, 2019.

FONTELA, Orides. Poesia reunida. São Paulo: Cosac Naify, 2006, p.18.

GASPAR, Mauro. Invasores de corpos: atravessando o laboratório de Ricardo Piglia. Orientador: Karl Erik Schollhammer. 186f. Tese (Doutorado em Letras) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.

GOLDSMITH, Kenneth. Uncreative writing. New York: Columbia University Press, 2011.

MONTENEGRO, Marcelo. Orfanato portátil. Londrina: Atrito Art, 2003.

MONTENEGRO, Marcelo. Garagem lírica. São Paulo: Annablume, 2012.

MONTENEGRO, Marcelo. Forte apache. São Paulo: Companhia das Letras, 2018. MONTENEGRO, Marcelo. Vídeos caseiros. São Paulo: Corsário-Satã, 2021.

MONTENEGRO, Marcelo. O livro do ouvido. São Paulo: Miolo Mole, 2023.

PERLOFF, Marjorie. O gênio não original: poesia por outros meios no novo século. Tradução de Adriano Scandolara. Belo Horizonte: UFMG, 2013.

RANCIÈRE, Jacques. João Guimarães Rosa: a ficção à beira do nada. Tradução de Inês Oseki- Dépré. Belo Horizonte: Relicário, 2021.

RORIZ, Paloma. “Rachaduras na página: notas para uma segunda infância”. In: BASÍLIO, Rita et al. Manuel António Pina: outras passagens - ensaios. Lisboa: Textiverso, p. 147-158.

SAMOYAULT, Tiphaine. A intertextualidade. Tradução de Sandra Nitrini. São Paulo: Hucitec, 2008.

TRANQUEIRAS LÍRICAS. [Marcelo Montenegro e Fábio Brum]: Marcelo Montenegro. São Paulo: Estúdio Jaburu, 2017. 1 CD.

VARGAS, Herom et al. “Remix e sampling: identidades e memória dos DJs na música eletrônica". Revista Famecos. v. 25, n. 2, p. 1-18. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.15448/1980- 3729.2018.2.28156>. Acesso em 25 mai 2024.

VILLA-FORTE, Leonardo. Escrever sem escrever: literatura e apropriação no século XXI. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2019.

Downloads

Publicado

2024-09-29

Como Citar

Laranjeira, A. E. S. (2024). Ludismo e escrita sampler na poesia de Marcelo Montenegro. Texto Poético, 20(43), 26–41. https://doi.org/10.25094/rtp.2024n43a1125