O escudo de Aquiles

Autores/as

  • Jamesson Buarque de SOUZA UFG
  • Gustavo Ponciano Cunha de OLIVEIRA UFG

DOI:

https://doi.org/10.25094/rtp.2015n18a411

Resumen

Este artigo parte da representação da poesia anterior aos poemas homéricos como tentativa de localizar a origem da poesia lírica. As fontes são fragmentos dos próprios poemas homéricos e alguns registros historiográficos da História da Literatura, que se valem também de dados propiciados pela Arqueologia e pela Antropologia. Neles, esta “poesia original” está vinculada ao ritualístico, ao mágico, ao religioso. Segundo Hauser, haveria profissionais da palavra mágica, cuja origem é o artista-mago pré-histórico. No texto homérico, o divino aedo surge enigmaticamente cercado por dançarinos. Ao longo dos 136 versos da Ilíada que descrevem o escudo de Aquiles forjado por Hefesto, há trechos nos quais os cantos que embalam as danças não são executados por aedos especialistas, como Fêmio e Demódoco. A dança é também vinculada à poesia no grupo de artes que dispensam tékhne apresentado por Platão no Íon. Para Vernant, as formas de expressão que, unidas, dão origem à religião grega são o mito (evento fundamental para o estabelecimento da literatura, segundo Lesky), o rito (vinculado à dança) e a representação figurada. Os indícios, por fim, apontam para a existência de outra poesia que não a épica homérica e de concepções do poeta diversas daquela acerca do aedo especialista.

Palavras-chave: Poesia pré-homérica. Historiografia. Homero.

Citas

BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política. Tradução Sergio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1985.

BRISSON, L.; PRADEAU, J-F. Vocabulário de Platão. Tradução Claudia Berliner. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

CARPEAUX, O. M. História da literatura ocidental. São Paulo: Leya, 2012. v. i.

GAGNEBIN, J. M. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Ed. 34, 2006.

HAUSER, A. História social da arte e da literatura. Tradução Álvaro Cabral. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

HIGOUNET, C. História concisa da escrita. Tradução Marcos Marcionilo. São Paulo: Parábola, 2003.

HOMERO. Ilíada. Tradução Haroldo de Campos. São Paulo: Arx, 2002a. v. i.

______. Ilíada. Tradução Haroldo de Campos. São Paulo: Arx, 2002b. v. ii.

______. Odisseia. Tradução Donaldo Schüler. Porto Alegre: L&PM, 2011a. v. i.

______. Odisseia. Tradução Donaldo Schüler. Porto Alegre: L&PM, 2011b. v. ii.

______. Odisseia. Tradução Donaldo Schüler. Porto Alegre: L&PM, 2011c. v. iii.

LESKY, A. História da literatura grega. Tradução Manuel Losa. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1995.

PLATÃO. Íon. Tradução Victor Jabouille. Lisboa: Inquérito, 1988.

______. Diálogos III: Fedro, Eutífron, Apologia de Sócrates, Críton, Fédon. Tradução Edson Bini. Bauru, SP: Edipro, 2008.

______. Íon. Tradução Cláudio Oliveira. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.

SNELL, B. O despontar da individualidade na lírica grega arcaica. In: ______. A cultura grega e as origens do pensamento europeu. Tradução Pérola de Carvalho. São Paulo: Perspectiva, 2012. p. 55-79.

VERNANT, J-P. Mito e religião na Grécia antiga. Tradução Joana Angélica D’Ávila Melo. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.

VIDAL-NAQUET, P. O mundo de Homero. Tradução Jônatas Batista Neto. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

Publicado

2015-06-04

Cómo citar

SOUZA, J. B. de, & OLIVEIRA, G. P. C. de. (2015). O escudo de Aquiles. Texto Poético, 11(18), 237–255. https://doi.org/10.25094/rtp.2015n18a411

Número

Sección

Otros temas