Do não criativo ao não próprio: gestos de apropriação na poesia brasileira contemporânea (performar, assinar, arquivar)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25094/rtp.2023n38a943

Palavras-chave:

Apropriação, Não criativo, Não próprio, Poesia brasileira contemporânea

Resumo

Este ensaio busca sistematizar uma pesquisa ampla sobre o estado da literatura de apropriação contemporânea, tendo em vista sua disseminação em categorias como “não original” e “não criativo”. Por meio de uma leitura desconstrucionista deste cenário, discutimos o interesse da reescrita hoje em usar da crítica da “autoria” e do “gênio” para jogar com a propriedade textual. Para caracterizar essa escrita do “não próprio”, demonstramos como ela se constrói suas estratégias por três distintos gestos de composição: a performance textual, os atos de assinatura e as poéticas de arquivamento. Gestos a serem descritos aqui em análises da poesia brasileira contemporânea.

Biografia do Autor

Luis Felipe Abreu, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Professor Substituto na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

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Publicado

2023-01-29

Como Citar

Abreu, L. F. (2023). Do não criativo ao não próprio: gestos de apropriação na poesia brasileira contemporânea (performar, assinar, arquivar). Texto Poético, 19(38), 230–256. https://doi.org/10.25094/rtp.2023n38a943