Enjambement, um lance feminino: entre o “passo de prosa” e o “passo de pomba”

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25094/rtp.2023n38a885

Palavras-chave:

Poesia e Filosofia, Giorgio Agamben, Jacques Derrida, verso

Resumo

Este ensaio propõe uma leitura filosófica do corte do verso a partir de articulações que entrelaçam, sobretudo, a leitura de Giorgio Agamben sobre os institutos poéticos (como o enjambement e a cesura) em Ideia da Prosa, e a leitura de Jacques Derrida sobre o “estilo esporante” de Nietzsche em Esporas. Essa aproximação é feita pelo que essas leituras permitem pensar a quebra do verso como um “lance” ou um ‘passo feminino’ que transtorna a identidade e abala os pressupostos metafísicos. Essa abordagem se vincula, ainda, pelo princípio de desencaixe, de interrupção e de suspensão, presente na compreensão mallarmeana do verso como um “lance” (coup) enquanto um ponto de crise por onde, no entanto, se faz possível golpear (coup) a verdade, jogar, gozar e pensar.

Biografia do Autor

Danielle Magalhães, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Bolsista Pós-Doutorado Nota 10 FAPERJ/UFRJ, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

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Publicado

2023-01-29

Como Citar

Magalhães, D. (2023). Enjambement, um lance feminino: entre o “passo de prosa” e o “passo de pomba”. Texto Poético, 19(38), 276–296. https://doi.org/10.25094/rtp.2023n38a885