Tempo, memória e trauma em poemas de Ferreira Gullar e Manuel Alegre
DOI:
https://doi.org/10.25094/rtp.2020n29a656Palavras-chave:
lírica, testemunho, trauma, Manuel Alegre, Ferreira Gullar.Resumo
O artigo estabelece uma leitura comparativa dos poemas Espelho do guarda-roupa, de Ferreira Gullar, e O Cristo, de Manuel Alegre, focando-se no trinômio tempo, memória e trauma. O problema abordado é a crise do “dizer-cantar”, a memória traumática com seu tempo “anômalo”. Em ambos os poemas, a linguagem poética busca em sua constituição formal mecanismos para lidar com a dificuldade de representação do “real”, assim, diante da impossibilidade do “dizer” e da demanda traumática de rememorar, demonstramos que, nestas obras, o enfrentamento da crise apresenta-se como a sua transposição e transfiguração estética no interior do próprio poema. A fundamentação teórica e crítica concentra-se em estudos de Márcio Seligmann-Silva, Giorgio Agamben, Ecléa Bosi e Hugo Friedrich.
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