Donner sa langue au chien
DOI:
https://doi.org/10.25094/rtp.2019n28a629Palavras-chave:
don du poème, modèle économique, chien, Baudelaire.Resumo
Le texte réinscrit le don du poème dans le modèle économique qui le sous-tend inconsciemment au XIXe siècle, et entreprend de repenser la crise de la valeur de la poésie dans la modernité post-romantique à l’aune du rapport nouveau que le don poétique entretient alors avec le modèle de l’échange marchand dans l’économie capitaliste. De ce point de vue, Victor Hugo appartient à un autre âge de poésie: le don du poème (aux pauvres) se pense comme charité; et la charité gratifie en retour le poète d’un gain symbolique, sans valeur marchand avouée, mais capable de parer la poésie d’une aura religieuse ou de conférer au lyrisme les accents révolutionnaires d’une poésie humanitaire. Ces valeurs s’écroulent avec l’échec de la révolution de 1848. La poésie, à travers Baudelaire, Verlaine ou Mallarmé, dénonce alors l’idéalisme par lequel elle participait de l’occultation de la dimension politique et sociale du “paupérisme”.
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DAR SUA LÍNGUA AO CÃO
O texto reinscreve o dom do poema no modelo econômico que o fundamenta inconscientemente no século XIX e busca repensar a crise do valor da poesia na modernidade pós-romântica à luz da nova ligação que o dom poético mantém então com o modelo da troca comercial na economia capitalista. Deste ponto de vista, Victor Hugo pertence a uma outra era de poesia: o dom do poema (aos pobres) se pensa como caridade; e a caridade gratifica o poeta em retorno com um ganho simbólico, sem valor comercial declarado, mas capaz de adornar a poesia com uma aura religiosa ou de conferir ao lirismo os acentos revolucionários de uma poesia humanitária. Esses valores caem por terra com o fracasso da revolução de 1848. A poesia, com Baudelaire, Verlaine ou Mallarmé, denuncia então o idealismo por meio do qual ela contribuía para a dissimulação da dimensão política e social do “pauperismo”. E, ao mesmo tempo em que aprende a se monetarizar de outra maneira, ela busca “dar sua língua aos cães”, permitindo ao real desidealizado da miséria retornar, em toda a sua violência, para a cena do poema.
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Original em francês.
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