Chamada para o Dossiê "Poesia e escritas de si" (v. 22 n. 47, 2026)
Poesia e escritas de si
Organizadores:
Pedro Eiras (Universidade do Porto)
Paulo Alberto Sales (IFGoiano/UFG)
Com a publicação do texto “a morte do autor”, em 1968, Roland Barthes questionou a intencionalidade, a desconstrução da metafísica da verdade e do cogito cartesiano do escritor/poeta que foi substituído pela visão de um sujeito plural. Uma outra linhagem à qual se volta o pensamento de Barthes é aquela que vai de Mallarmé a Valéry e Blanchot, autores, esses, que buscaram o apagamento da figura do autor num momento no qual se privilegiava a explicação do texto em função dos dados biográficos do escritor. Assim, as escritas de si privilegiam “autores de papel”, ou seja, espectros que não são sujeitos plenos e nem detentores da origem do texto. Philippe Lejeune (2014), em O pacto autobiográfico, ressalta que a poesia, ao se valer dos elementos autobiográficos, é uma fabricação. Logo, o trabalho do poeta tem uma história por meio da qual tudo pode ser contado em uma escrita fragmentária, bem como por meio de montagens e pela busca de uma verdade que escapa ao poder das narrativas ordinárias. Os poetas são, complementa Lejeune, inspiradores, e suas obras são oficinas que despertam o desejo de trabalhar com eles, de inventar nosso próprio caminho na e pela linguagem. Nesse sentido, tendo em vista a vasta dimensão das escritas do si, a saber a autobiografia, a autoficção (no caso da poesia da autopoesia), a biografia, os biografemas e outras projeções do eu na escrita de poesia, o presente dossiê da Revista Texto Poético convida pesquisadores a submeterem artigos que articulem relações multifacetadas entre a escrita de poesia com as figurações do eu no papel.
Data limite para submissão: 30/09/2025
Publicação: Janeiro de 2026