Chamada para o dossiê "Poetas epistolares" (número 46)

2024-10-09

POETAS EPISTOLARES

Em Prezado senhor, Prezada senhora: estudos sobre cartas, de 2000, Walnice Nogueira Galvão
e Nádia Battella Gotlib chamam a atenção para “a disparidade entre o volume de cartas –
escritas por artistas, intelectuais, personalidades históricas – e o número reduzido de estudos.
Por que tantas cartas produzidas e tão poucos trabalhos com leituras de tais cartas?”. Da
publicação desse livro para cá, os estudos sobre cartas se ampliaram significativamente no
cenário brasileiro, assim como também as edições fidedignas e anotadas de correspondências e
as traduções de teorias, mormente francesas, sobre o gênero epistolar; esse gênero plural e
polimorfo e, por isso, incapaz de ser apreendido por uma abordagem geral. As cartas escritas
por poetas, em que pese o reconhecimento de sua dimensão ficcional, constituem fonte
importante para acompanhar a gênese de um poema/livro e sua recepção, entender as relações
de sociabilidade, reescrever a história de determinado contexto literário a partir de perspectivas
privadas e para alimentar as narrativas biográficas. Não raro, essas cartas assumem uma feição
literária, poética, pondo em questão o próprio conceito de literatura, assim como, em alguns
momentos, se aproximam do ensaio. Além disso, constituindo um discurso que coloca em cena
uma “conversa” entre ausentes, as cartas podem tanto se configurar como um monólogo, quanto
também se revestir de uma intenção persuasiva, de um desejo programático de agir sobre o
outro e o mundo. Este número da revista Texto Poético propõe acolher trabalhos que
contemplem esse laboratório de poesia que são as cartas, enfocando, entre outros, um dos
seguintes eixos temáticos: a relação entre epistolografia e processo criativo poético; cartas como
forma de debate intelectual ou de construção de redes literárias; a correspondência como uma
extensão do discurso literário; análise comparativa de cartas e poemas, observando possíveis
intertextualidades; poetas que escrevem cartas como ensaios ou manifesto literário; cartas de
poetas como “arquivos da criação”, em perspectiva genética.  Convidamos estudiosos a
enviarem trabalhos que ofereçam novas leituras e enfoques sobre a epistolografia de poetas, seja
por meio da análise de correspondências inéditas, de novos olhares sobre cartas já conhecidas,
ou de propostas que ampliem a compreensão desse gênero literário e suas implicações no campo
da poesia.

Organizadores
Solange Fiuza (UFG)
Marcos Antonio de Moraes (USP)
Jerónimo Pizarro (Universidad de los Andes)

Data-limite de submissão: 30/04/2025

Previsão de publicação: setembro de 2025