Todos nós googlamos: a dialogia na poesia de Angélica Freitas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25094/rtp.2023n38a933

Palavras-chave:

Angélica Freitas, Mikhail Bakhtin, Googlagem, Ironia, Dialogia

Resumo

É conhecida e polêmica a formulação do linguista russo Mikhail Bakhtin, de acordo com a qual a poesia seria um gênero necessariamente monológico, em contraposição à prosa romanesca, marcadamente dialógica. No entanto, atualmente ganham destaque formas diferentes de fazer poesia, baseadas no aproveitamento de materiais existentes, que parecem colocar em xeque essa tese. No Brasil, um grande expoente dessa transformação é a poeta Angélica Freitas. Este artigo tece algumas reflexões sobre o procedimento intitulado por ela de googlagem, questionando a partir dele a pertinência das formulações de Bakhtin sobre essa modalidade de poesia que nos parece francamente dialógica.

Biografia do Autor

Robert Schade, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Doutor em Literatura Comparada pela Universidade de Potsdam/ UP, Alemanha. Leitor do DAAD (Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico) na Universidade Federal do Rio Grande do Sul/ UFRGS, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

Vitória Ravazio Pais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Mestranda em Teoria, Crítica e Comparatismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul/ (URGS),Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.

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Publicado

2023-01-29

Como Citar

Schade, R. ., & Ravazio Pais, V. (2023). Todos nós googlamos: a dialogia na poesia de Angélica Freitas. Texto Poético, 19(38), 30–49. https://doi.org/10.25094/rtp.2023n38a933