Filêmon e Báucis (Metamorfoses VIII, 611-724), de Ovídio
DOI:
https://doi.org/10.25094/rtp.2019n26a607Palavras-chave:
Filêmon e Báucis, Metamorfoses, Ovídio.Resumo
Tradução por Raimundo Carvalho
As Metamorfoses de Ovídio, obra em 15 livros, compõem uma vasta teia de histórias díspares que se concatenam umas às outras através de um complexo processo de associação e aproximação entre elas, que vai desde o detalhe mais irrisório e quase imperceptível até ao seu enquadramento num sentido amplo e comum. Ler as Metamorfoses é, portanto, um exercício contínuo de atenção ao particular e, ao mesmo tempo, ao plano geral; ou seja, o sentido de um relato encontra-se nele mesmo, mas, também, depende dos relatos que o precedem e dos que vêm logo após. A história de Filêmon e Báucis é o episódio central da série de relatos proferidos, durante o banquete, na morada do rio Aqueloo, que ilustram diferentes disposições frente aos deuses. O trecho em questão mostra um piedoso casal de idosos que, visitado por Júpiter e Mercúrio, “o caducífero Atlantíade”, travestidos em humanos, exercita o dom da hospitalidade e é por isso recompensado, em contraposição aos seus ímpios vizinhos, fadados à extinção em virtude de sua indiferença para com os estrangeiros e da incapacidade de percepção da presença divina.
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