Estragos do real: o reconhecimento do mal na poesia de João Cabral de Melo Neto
DOI:
https://doi.org/10.25094/rtp.2018n25a535Palavras-chave:
João Cabral, Paul Ricoeur, “A simbólica do mal”, hermenêutica crítica, símbolo, mito, “Fábula de Anfíon”.Resumo
Partindo do caráter enigmático do poema Fábula de Anfíon de João Cabral e levando em conta seu significado vivencial, o artigo mostra nele o vínculo entre o real e o mal. Amparando-se na complexa reflexão desenvolvida por Paul Ricoeur em A simbólica do mal (1960), argumenta-se que a riqueza desta questão está no fato que, se por um lado, a dimensão de realidade do mal não pode ser ocultada por ele ser uma experiência humana individual e histórica fundamental, por outro lado, seu caráter de realidade opaca e equívoca impede o pensamento de reduzi-lo às explicações teóricas, filosóficas ou conceituais. No âmbito de uma reflexão hermenêutica consciente de sua autoimplicação, o artigo destaca que a forma justa de lidar com o mal é o reconhecimento, e reavalia o conceito de confissão, no sentido de torná-lo apto para uma reflexão acerca do lugar da realidade na poesia de João Cabral.
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