O coração do trabalho poético de Carlos de Oliveira: que coração! Que coração?
DOI:
https://doi.org/10.25094/rtp.2025n45a1161Palavras-chave:
Carlos de Oliveira, Neorrealismo, Poesia portuguesa moderna e contemporânea, Coração, ResistênciaResumo
O objetivo deste artigo é defender a hipótese de leitura de que a imagem do coração no trabalho poético de Carlos de Oliveira, um dos escritores mais referenciais do neorrealismo português, configura-se como espaço de crise e crítica, na medida em que, nele, o poeta problematiza um processo de subjetivação que se manifesta inicialmente em Cantata (1960), intensificando-se e se complexificando em Sobre o lado esquerdo, Micropaisagem (ambos de 1968) e Sobre duas memórias (1971). No coração-poema, instaura-se uma dúvida que desestabiliza o conceito de “eu lírico”, bem como outros pares dicotômicos implicados nele. A forma-coração representa o que o poeta entende como resistência. Nesta, vemos cristalizados dois movimentos: o poético e o político.
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