O coração do trabalho poético de Carlos de Oliveira: que coração! Que coração?

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25094/rtp.2025n45a1161

Palavras-chave:

Carlos de Oliveira, Neorrealismo, Poesia portuguesa moderna e contemporânea, Coração, Resistência

Resumo

O objetivo deste artigo é defender a hipótese de leitura de que a imagem do coração no trabalho poético de Carlos de Oliveira, um dos escritores mais referenciais do neorrealismo português, configura-se como espaço de crise e crítica, na medida em que, nele, o poeta problematiza um processo de subjetivação que se manifesta inicialmente em Cantata (1960), intensificando-se e se complexificando em Sobre o lado esquerdo, Micropaisagem (ambos de 1968) e Sobre duas memórias (1971). No coração-poema, instaura-se uma dúvida que desestabiliza o conceito de “eu lírico”, bem como outros pares dicotômicos implicados nele. A forma-coração representa o que o poeta entende como resistência. Nesta, vemos cristalizados dois movimentos: o poético e o político.

Biografia do Autor

Lúcia Melo de Sousa, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Professora Pós-doutora em Estudos Comparados pelo Programa de Pós-Graduação em Letras na Universidade Federal Fluminense (2012), com tese intitulada “Linguagens entrecruzadas num espaço modulado ou neobarroco em A Fuga para o Egipto, Gémeos e Amadeo, de Mário Cláudio”. Atuou como professora na Universidade Estácio de Sá de 2002 a 2022. Realizou o pós-doutorado pela Universidade Federal Fluminense, sob supervisão da Profª Drª Ida Alves, com o projeto de pesquisa sobre a Ecopoética do poeta português Carlos de Oliveira, de janeiro de 2024 a dezembro de 2024. Niterói/RJ, Brasil. 

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Publicado

2025-05-25

Como Citar

Melo de Sousa, L. (2025). O coração do trabalho poético de Carlos de Oliveira: que coração! Que coração?. Texto Poético, 21(45), 54–73. https://doi.org/10.25094/rtp.2025n45a1161