Nomear uma ausência é fazer com que ela exista: poesia e política em Poemas para ler antes das notícias

Autores

DOI:

https://doi.org/10.25094/rtp.2024n42a1080

Palavras-chave:

Antologia poética, Violência de Estado, Negros, Indígenas

Resumo

Este trabalho enfoca a antologia de poesia contemporânea brasileira Poemas para ler antes das notícias (2019), lançada pela revista Cult, com curadoria de Alberto Pucheu. Mediante a leitura de três poemas – “máscaras brancas”, de Heleine Fernandes; “Eusébio”, de Josoaldo Lima Rêgo; e “Presente”, de Diego Vinhas –, discutimos a presença na antologia da denúncia de assassinatos recentes contra corpos negros e indígenas. Na contramão da violência de Estado, os/as poetas situam os vazios deixados pelos corpos vitimados pelo racismo, reverberando seus nomes no tempo presente e firmando compromissos políticos entre mortos/as e sobreviventes.

Biografia do Autor

Felippe Nildo Oliveira de Lima, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutorando em Letras – Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.

Ana Cristina Marinho Lúcio, Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

Professora titular do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade Federal da Paraíba, Campus I, João Pessoa, PB, Brasil.

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Publicado

2024-05-30

Como Citar

Nildo Oliveira de Lima, F., & Marinho Lúcio, A. C. . (2024). Nomear uma ausência é fazer com que ela exista: poesia e política em Poemas para ler antes das notícias. Texto Poético, 20(42), 70–92. https://doi.org/10.25094/rtp.2024n42a1080