A imaginação como metafísica: uma leitura do poema “O percurso de um particular”, de Wallace Stevens
DOI:
https://doi.org/10.25094/rtp.2013n15a132Resumo
Wallace Stevens produziu uma poesia considerada difícil, distante da dicção fragmentária do primeiro Eliot tanto quanto da imagística de William Carlos Williams, apesar de compartilhar com o último o interesse pelas coisas como elas são. Sua dicção poética se caracterizou muito mais pelo interesse quase filosófico na relação entre imaginação e realidade, interesse que o levou a considerar a primeira, a “rainha das faculdades” segundo Baudelaire, como uma forma de metafísica. Expurgando dela os resquícios românticos subjetivizantes e dotando-a de capacidade de abstração e generalização, Stevens lhe dá envergadura de ontologia, na medida em que ela possibilita ao poeta tanto a apreensão das particularidades do mundo real quanto o desenvolvimento do pensamento lógico em direção a uma fenomenologia da percepção. Esta concepção e prática poética se acentuou ao longo da trajetória poética de Stevens e embora a crítica note algum excesso retórico nos poemas de maturidade, a sua capacidade inicial de síntese — notável em Harmonium, seu livro de estréia (1923) — é retomada nos poemas da fase final de sua produção, como mostaremos na análise do poema “O percurso de um particular”, publicado após a morte do poeta, em 1955.
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