A COSMOGONIA POÉTICA DE HILDA HILST

Autores

  • Andréa Jamilly Rodrigues LEITÃO UFPA
  • Antônio Máximo FERRAZ UFPA

DOI:

https://doi.org/10.25094/rtp.2016n20a339

Resumo

O presente trabalho pretende explorar a experiência literária de Hilda Hilst a partir da noção de cosmogonia, tendo em vista a leitura do poema “Amavisse”, da obra homônima de 1989. A cosmogonia poética engendra-se na passagem da escuridão à claridade, da abertura caótica do fundo desconhecido das coisas ao acontecer luminoso das formas e dos sentidos. Em toda a sua pujança carnal, a escrita hilstiana é marcada pelo excesso, pela desmesura verbal, pelo transbordamento dos limites, pela renúncia às medidas. No poema em estudo, a referência à imensidão e à volúpia da noite torna-se, por excelência, metáfora para o processo criativo. O grande corpo da poesia é fecundado na carnalidade da noite para dar à luz a palavra. O erotismo, o qual perpassa fundamentalmente a obra da poeta paulista, remonta à dinâmica da transgressão dos interditos, entendida de acordo com os pressupostos teóricos de Bataille (1987). Na sua poética transgressora, colocam-se em tensão a vida e a morte, o divino e o humano, o verbal e o carnal, o ventre luzente da criação e a noite pulsante das formas.

Biografia do Autor

Andréa Jamilly Rodrigues LEITÃO, UFPA

Mestre em Estudos Literários pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Antônio Máximo FERRAZ, UFPA

Professor Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Referências

ALIGHIERI, Dante. A divina comédia. Tradução, comentários e notas de Italo Eugenio Mauro. Prefácio de Otto Maria Carpeaux. São Paulo: Editora 34, 2009.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 2000.

BATAILLE, Georges. O erotismo. Tradução de Antonio Carlos Viana. Porto Alegre: L&PM, 1987.

BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Tradução de Antônio Pereira de Figueiredo. São Paulo: Sivadi Editorial, 2010. 1102 p.

COELHO, Nelly Novaes. A poesia obscura/luminosa de Hilda Hilst e a “metamorfose” de nossa época. In: HILST, Hilda. Poesia: 1959-1979. São Paulo: Quíron; Brasília: INL, 1980.

______. Da poesia. Cadernos de literatura brasileira. São Paulo, Instituto Moreira Salles, n. 8, out. 1999.

ELIADE, Mircea. Mito e realidade. Tradução de Pola Civelli. São Paulo: Perspectiva, 1972.

HILST, Hilda. Poesia: 1959-1979. São Paulo: Quíron; Brasília: INL, 1980.

______. A obscena senhora D. São Paulo: Globo, 2001.

______. Do desejo. São Paulo: Globo, 2004.

LESBOS, Safo de. Poemas e fragmentos. Tradução de Joaquim Brasil Fontes. São Paulo: Iluminuras, 2003.

MORAES, Eliane Robert. Da medida estilhaçada. Cadernos de literatura brasileira. São Paulo, Instituto Moreira Salles, n. 8, out. 1999.

NUNES, Benedito. Introdução à filosofia da arte. 5. ed. 4. reimp. São Paulo: Ática, 2003.

PAES, José Paulo. Poesia erótica em tradução. Seleção, tradução, introdução e notas de José Paulo Paes. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

PAZ, Octavio. A dupla chama: amor e erotismo. Tradução de Wladir Dupont. 2. ed. São Paulo: Siciliano, 1994.

Downloads

Publicado

2016-06-22

Como Citar

LEITÃO, A. J. R., & FERRAZ, A. M. (2016). A COSMOGONIA POÉTICA DE HILDA HILST. Texto Poético, 12(20), 168–188. https://doi.org/10.25094/rtp.2016n20a339

Edição

Seção

Vária